Ordem e progresso

 "Meu amor, disciplina é liberdade"

Há tempos- Legião Urbana

Durante minha infância, fui uma aluna exemplar que podia se orgulhar de ter boas notas advindas da dedicação. Desde que entrei na faculdade, há dois anos, isso mudou. Meu rendimento foi diminuindo, tirei notas baixas, reprovei em algumas disciplinas e eu sei que sou a única responsável por isso. Embora a faculdade seja mais complexa que a escola, o fracasso é culpa da minha omissão. Por vezes falei que a experiência de morar sozinha me deixou mais madura. É claro que aprendo muito morando longe do ninho, mas a bagunça do quarto, as roupas mal dobradas e empilhadas no guarda-roupa, o cabelo despenteado, os livros não lidos, as madrugadas acordadas, as ausências na Escola Dominical e até nas aulas da faculdade, a geladeira vazia e a embalagem do hambúrguer que acabei de comer ao lado da cama, me fazem questionar que espécie de amadurecimento é esse.

Abre parêntese. E a pessoa ainda quer ser mãe. Ainda sonha em ter uma família grande um dia. Não precisa ser nenhum especialista em comportamento para dar um ultimato: ou muda de vida ou de planos, querida. Fecha parêntese.

Entrei na faculdade querendo ser professora de História. Nos dois primeiros semestres, desanimei um pouco porque estudava apenas historiografia e me sentia como se não tivesse nascido para aquela teoria toda. Quando tive minha primeira matéria de educação, no terceiro período, o que me moveu a entrar no curso, voltou. Aí veio a greve, dei uma desanimada, voltamos as aulas, não tive mais que duas aulas dessa matéria e o semestre acabou. Mesmo assim, consegui tirar um 10. Prometi que faria diferente no quarto semestre e estou fazendo tentando. Tenho procurado ler todos os textos, estudar diariamente, não faltar as aulas e me aprofundar no conhecimento. Não está sendo tudo em vão, mas também não estou me sentindo satisfeita. Eu sei que não estou dando meu melhor. Neste semestre, estou cursando duas matérias de educação e estou in love. Não deixo meus professores em paz. Quero saber mais, ler mais, estudar mais. Todavia, muitas vezes, eu deixo o que é cômodo ser maior do que a vontade, deixo o sono me vencer, a preguiça tomar conta de mim, os desejos serem maiores do que a minha resistência. E fico frustada comigo, por as coisas não estarem dando certo. 

MAS...

Eu quero mudar. Quero fazer diferente (botar chapa quente pra gente dançaaaaar, me desculpe, faço isso o tempo todo. Não botar chapa quente, é claro! E sim, associações musicais- sempre toscas, by the way). Quero me dedicar aos estudos, fazer um bom projeto de pesquisa, ingressar no mestrado, me formar no inglês, ser assídua na Escola Bíblica, ler os livros que comprei e aqueles que pego na biblioteca, assistir as séries que acompanho, os filmes que alugo, manter o quarto arrumado, as roupas passadas, o cabelo hidratado, o peso na casa dos 58 e as unhas feitas. Não há organização sem disciplina. E sem disciplina, não há liberdade. Nem progresso.